sábado, 18 de setembro de 2010

A Missão de Jesus continua hoje: Hanseníase tem cura

CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL

Secretariado Geral

SE/Sul - Q. 801 - Conj. “B” - CEP 70200-014 - Caixa Postal 02067 - CEP 70259-970 - Brasília-DF - Brasil - Fone: (61) 2103-8300/2103-8200 - Fax: (61) 2103-8303

E-mail: secgeral@cnbb.org.br — Site: www.cnbb.org.br





Brasília – DF, 17 de setembro de 2010

SG -C- nº 0769/10





Aos Senhores

Cardeais, Arcebispos e Bispos, em suas sedes

Padres, Diáconos, Religiosos (as)

Prezados irmãos e irmãs em Cristo,





A Hanseníase tem cura!



No XXVIII Domingo – Ano C, dia 10 de outubro de 2010, o Evangelho a ser

proclamado é o da cura dos dez leprosos (Lc 17,11-19). O Conselho Permanente da CNBB

aprovou a realização de uma campanha nacional, em parceria com a Pastoral da Criança,

Pastoral da Saúde, Franciscanos, Morhan (Movimento de reintegração das pessoas atingidas

pela hanseníase), Ministério da Saúde, Conselho Nacional de Saúde, CONIC, com o convite

para a adesão de todas as Dioceses e Paróquias do país.

Essa Campanha prevê uma série de iniciativas a curto e médio prazos, entre as quais

está a conscientização da população, através de diversos meios, de que a Hanseníase tem cura,

desde que devidamente tratada. A CNBB convida toda a Igreja no Brasil para no dia

10/10/2010 somar esforços com a sociedade e oferecer informações atualizadas, para superar

os preconceitos e o estigma em relação a essa doença.

Queremos, como os enfermos do Evangelho de Lucas que será proclamado nesse dia,

gritar confiantes: “Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!”. Para que este grito ecoe em todo

o nosso país, convidamos a todos os que presidem a Santa Missa ou a Celebração Dominical

da Palavra de Deus, a esclarecerem os fiéis, utilizando-se das homilias, das preces

comunitárias, ou até mesmo, indicando, durante a celebração, uma ação concreta de

solidariedade aos irmãos e irmãs acometidos por esta enfermidade.

Em anexo, seguem algumas sugestões que podem ser utilizadas em nossas

celebrações.

Aproveito para desejar a todos muita alegria e paz no Senhor.

Fraternalmente,

Dom Dimas Lara Barbosa

Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro

Secretário Geral da CNBB



CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL

Secretariado Geral

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(Anexo citado no texto anterior)



XXVIII Domingo – Ano C: A Missão de Jesus continua hoje: Hanseníase tem cura



A CNBB convida toda a Igreja no Brasil para no dia 10 de outubro de 2010 somar esforços com a sociedade e

oferecer informações atualizadas, para superar os preconceitos e o estigma em relação à Hanseníase, uma

doença que tem cura!

Além dos roteiros homiléticos oferecidos pela CNBB, levantamos alguns dados e reflexões, para que

possamos estar unidos “num mesmo pensar e agir”, no intuito de ajudar as pessoas a começar o quanto

antes o tratamento desta doença:

1. Na Bíblia, sob a denominação de lepra (tradução da palavra grega “lepros”, que por sua vez é tradução do

hebraico “tsara'at”) são nominadas diversas doenças da pele, de caráter mais ou menos grave; entre elas

pode figurar, pelo menos em alguns casos, aquela que hoje, no Brasil, se chama hanseníase.

2. Hoje, após a descoberta do bacilo por Hansen (1873) e dos remédios (poliquimeoterapia), a doença se

torna bem conhecida e tem cura. Quanto mais cedo for reconhecida e tratada, melhor. Entretanto, precisamos

fazer mais: não podemos permitir que crianças continuem sendo contaminadas. Precisamos fazer com que os

homens se cuidem mais, já que as mulheres, pela sua característica de cuidadoras, também se preservam

mais. É nosso dever agir de forma natural diante do cuidado que devemos aos nossos doentes, pois assim as

dores transformam-se, aos poucos, em esperança. A Hanseníase tem cura!

3. No Brasil, apesar da redução drástica no número de casos, de 19 para 3 doentes em cada 10.000

habitantes, a hanseníase ainda se constitui em um problema de saúde pública, que exige uma vigilância

permanente. Em 2009 foram descobertos 37.610 mil casos novos, especialmente nas regiões Norte,

Nordeste e Centro Oeste.

O que todos devem saber e podem informar:

Quem tem os sinais da doença (manchas esbranquiçadas no corpo, com diminuição da sensibilidade,

perda de força nos músculos das mãos, pés e face) ou tem dúvidas deve procurar o serviço de saúde

mais próximo e pedir para fazer um exame. Ele é realizado na hora pelo médico.

A hanseníase, se tratada tardiamente, pode deixar sequelas, como perda da força física, ou

deformidades.

A hanseníase deixa de ser transmitida, quando o doente inicia o tratamento.

A medicação é gratuita e está disponível nas unidades de saúde.

Quem tem a doença, pode abraçar os outros e não precisa ter roupas separadas, enfim, essa pessoa

deve levar uma vida normal.

E finalmente, o tratamento deve ser feito de modo completo, sem interrupção.

4. Conhecendo a doença e tratando-a como se deve, poderemos, com o tempo, superá-la e evitar tanto

sofrimento às pessoas. É só com a participação ativa das diversas instâncias da sociedade que se poderá

superar mais facilmente a hanseníase.

5. Enquanto houver pessoas que adoecem ou que sofrem sequelas, elas precisam de apoio, respeito,

compreensão, e serem atendidas nos seus direitos, evitando-se qualquer forma de marginalização.

6. A mensagem de fé deste domingo vai além da cura de uma doença e da boa educação de quem foi

curado e que volta para agradecer. O evangelista Lucas, em sua preocupação com todos os marginalizados,

nos apresenta um milagre em que os doentes se transformam em sinal: são pessoas que recebem a graça

salvadora de Deus que os transforma.

7. Para compreender o valor deste sinal, é preciso prestar atenção em alguns pontos:

a) O ponto de partida é a súplica: “Jesus Mestre, tende piedade de nós!” O gesto deles resume o grito de

todas as pessoas que se sentem necessitadas e batem à porta do Salvador em busca de socorro.

b) O milagre tem um duplo efeito: para os nove, o resultado foi que voltaram a ser o que já eram: reentrar

na vida humana e religiosa do povo de Israel, o que não era pouco. Eles observam a lei, obedecem à

palavra de Jesus, porque é cumprimento da lei, mas se julgam curados porque observantes, consideramse

merecedores.

c) Para o evangelista, porém, do encontro com Jesus espera-se uma mudança radical como aconteceu

com o samaritano.

e) O Samaritano voltou, “glorificando a Deus em alta voz”. O milagre lhe abriu os olhos para o sentido da

missão e da pessoa de Jesus. Ele retorna para Jesus e agradece pelo dom recebido. Não saberia mais

aonde ir. Encontrou em Jesus “o seu lugar” e se colocou ao seu serviço.

d) Naamã, o sírio, por sua vez, passa da cura à fé: não reconhece mais outro deus senão o Deus de

Israel.

8. Nem sempre é fácil descobrir Jesus como o verdadeiro dom de Deus para nós e aceitá-lo totalmente,

sendo agradecidos. Pessoa de fé é aquela que recebe o dom de Deus como o samaritano que, curado e

agradecido, leva uma forma de vida renovada.

9. O milagre da cura exterior da doença comportava na salvação; que exige uma resposta de alguém que se

sente reconhecido e transformado. Para o samaritano, o que começou como uma cura física, tornou-se a

salvação definitiva.

10. Em diversas épocas da história, seguidores de Jesus assumiram a atitude do Mestre, colocando-se ao

lado dos pequenos e doentes. São Francisco de Assis talvez seja o modelo mais emblemático, pois não

queria apenas dar esmolas aos leprosos, queria sentir, vivenciar a dor extrema da rejeição, do abandono e da

dor física pelo amor que tinha ao Deus que ele via no rosto daqueles irmãos enfermos e marginalizados.

Séculos depois, São Francisco Xavier, também se destacou pela dedicação aos marginalizados, entre eles,

os leprosos de quem cuidava pessoalmente. No século XIX, o padre Damião de Molokai transformou sua vida

em um testemunho de enorme grandeza evangélica indo morar na ilha onde os leprosos eram segregados e

esquecidos, cuidando deles e organizando-os em comunidade, fazendo com que resgatassem sua dignidade

roubada. A vida desses santos homens de Deus revela-nos o caminho de sua missão: doaram suas vidas

oferecendo-as ao cuidado dos mais excluídos de seu tempo. Isso lhes proporcionou experimentar aquilo que

Jesus havia proposto: viver o amor evangélico.

11. Mas é verdade também que, pelo menos indiretamente, a Igreja influiu para cultivar o preconceito, por

exemplo, quando associou o pecado como a “lepra da alma”. É interessante notar que no Novo Testamento

apenas os “leprosos” eram purificados; todos os outros doentes eram curados. Além de toda a idéia de

impureza ligada à doença denominada “lepra”, implicando num ritual de purificação, segundo uma crença

disseminada entre os judeus, aguardava-se a erradicação total da mesma com a vinda do Messias. No relato

de Mt 11,5 e Lc 7,22, Jesus “purifica os leprosos” e confirma sua missão como Messias.

12. Esperamos que os cristãos, segundo Jesus, continuem “tocando” os que são acometidos pela

hanseníase, levando-lhes simpatia, informação, apoio e cura, conduzindo-os na conquista da saúde e a

participar ativamente de sua comunidade de fé!

13. Por isso, pedimos a colaboração de todos, para que, neste dia 10/10/2010, em nossas celebrações, de

alguma forma, seja feita referência a esta enfermidade que ainda assola o nosso país. E nos

comprometamos com o Evangelho através de atitudes concretas de solidariedade, respeito, atenção e amor

para com os nossos irmãos e irmãs acometidos pela hanseníase.

14. Peçamos ao Senhor que nos acompanhe e proteja nesta missão a nós confiada. E que Maria, a mãe das

dores, seja sempre o nosso modelo discipular, permanecendo ao pé da cruz como sinal da comunhão com os

seus filhos e filhas de todos os tempos!

Brasília, 15 de setembro de 2010

Na memória de Nossa Senhora das Dores

São João Batista, Rogai Por Nós!