Por estarmos em um ano eleitoral a palavra ética está presente, com razoável periodicidade, no noticiário impresso e televisivo. Contribui para isso uma série de escândalos nas diversas esferas de Poder, em especial do caso conhecido como “Mensalão”. Acostumamos-nos a ouvir que devemos estar sempre vigilantes quanto a atitudes éticas de políticos, das empresas, dos profissionais, etc. Mas o que é ética? Qual a relação entre ética e moral?
Essa palavra, de fácil pronúncia e de difícil aplicação, também esteve presente na série “Ser ou não Ser”, apresentada pela filósofa Viviane Mosé no Programa Fantástico há alguns anos. Um dos programas me chamou a atenção. Segundo a filosofia: “Moral” é o conjunto de regras, válidas para todo mundo, que determinam nossa conduta em sociedade: como devemos agir para não ferir o direito do outro e respeitar o bem comum.
Mas dessas regras universais - não matar, por
exemplo - podem surgir dilemas particulares: a eutanásia pode ser uma saída
para aliviar o sofrimento de uma pessoa presa a uma cama?
Como dito na série “Ser ou não ser: ”Como
agir diante dos diferentes desafios morais? É daí que nasce a ética. Uma
conduta ética é antes de tudo uma tomada de posição. Uma atitude. Por isso,
nada mais antiético do que a indiferença. Estar indiferente é abandonar toda
tentativa de interferir nas coisas, de mudar - o que acaba tornando a
violência, a corrupção, o desrespeito, um hábito. A indiferença é a banalização
do mal”.
É esse o ponto que eu gostaria de
compartilhar com os leitores do Blog São João Batista. Ética, antes de
ser um conceito filosófico, é a prática da boa cidadania e da solidariedade,
presentes nos ensinamentos passados de geração em geração. A tal da sabedoria
popular. Mas, vivendo numa cidade desafiadora como São Paulo, a sua aplicação é
dificultada, mas não impossível. Resta-nos estar sempre vigilantes aos pequenos
gestos, como por exemplo: respeitar a preferência de idosos e deficientes nos
ônibus e trens, não avançar os veículos nas faixas de pedestres, não dirigir
após beber, etc.
Mas, isso não basta. Além de sermos éticos
não podemos ser indiferentes, pois, o que afeta as pessoas à nossa volta, um
dia, fatalmente, irá nos afetar, direta ou indiretamente. Quer um exemplo? A
ONU estima em 800 milhões, as pessoas que passam fome no Mundo. No Brasil esta
situação é grave e afeta, aproximadamente, 40 milhões de pessoas. Aí está um
problema de difícil solução, a exemplo de outros, como educação, saneamento
básico, saúde e tantos outros. Mas, quantas pessoas passam fome na Vila
Mangalot? Quantos pais de família não conseguem emprego por falta de
escolaridade mínima no Jardim Santo Elias? Quantas crianças estão saindo do Ensino
Fundamental pseudo-alfabetizadas nas escolas aqui da região? Quantos jovens que
encontramos na padaria hoje cedo, neste exato momento, descrentes de tudo e de
todos, se afundam no álcool e nas drogas? Esses números não são divulgados nos
telejornais noturnos. Mas afetam o nosso dia-a-dia inquestionavelmente.
Será que uma atitude ética implica um olhar
solidário para os que estão à nossa volta? Ao nosso próximo mais próximo? Tudo
indica que sim. Se você me perguntar o que eu possa fazer, talvez não saiba te
responder. Mas, se todos nós quisermos uma resposta, com certeza, junto, a
encontraremos.
Marcos Roberto A.
Santos (artigo publicado originalmente no Informativo São João Batista em 2007,
e atualizado para o Blog).
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